quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Nos tempos do rádio

Sempre fui louco pelo rádio

Ainda morando no interior, acompanhava, pela rádio Nacional do Rio, a novela O Direito de nascer, de Felix Caignet, bem depois As Noivas Morrem no Mar de Janeth Clair, e o seriado Jerônimo, o herói do sertão de Moisés Weltman; os programas de auditório de Manoel Barcellos, Paulo Gracindo e César de Alencar. Pela Farroupilha, ouvia o Rodeio Coringa, com Walther Broda e Pinguinha, o conjunto Farroupilha e os Irmãos Bertussi. Na Charrua, de Uruguaiana, as crônicas do radialista Mário Pinto, sob o título Acontece cada uma, mas acontece. E ele sabia de cada uma?!

Chegando ao Rio, descobri a Mayrink Veiga e a Mauá, a emissora do trabalhador, ambas se transformaram nas líderes da rede da Legalidade, com mais de cem emissoras em todo o Brasil – criada por Brizola para garantir a posse de João Goulart, vice de Jânio Quadros, que havia renunciado. Virei “macaco de auditório”. Ia, diariamente, com a marmita debaixo do braço, e almoçava durante o programa “Pensão do Salomão”, apresentado por Jorge Murad.

No alto das escadarias externas do Ministério do Trabalho, de onde Raimundo Nóbrega de Almeida transmitia os programas especiais e apresentava Elza Soares, atração permanente da rádio Mauá, então revelada pelo sucesso de sua primeira gravação, Se Acaso Você Chegasse (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins) .


IVONE MOTTA

A radialista Ivone Motta comandava o Clube das Donas de Casa, pelas ondas da Rádio Metropolitana. O locutor Bermuda Junior e o repórter Roulien Silva eram da sua equipe. Convidou-me para fazer um quadro de fofocas, todas as sextas-feiras, nos dez minutos finais do programa. Sugeri falar sobre folclore e denominei o quadro de Minha Terra, Minha Gente, pensando em fazer duas homenagens de uma só tacada: ao professor Aroldo de Azevedo e ao poeta-cantador Luiz Vieira. O livro Geografia do Brasil, que me acompanhou no ginásio, tinha um capítulo com esse título, que lembrava também o programa do menino de Braçanã, atualmente transmitido pela Rádio Carioca-Rio: Minha Terra, Nossa Gente.

Emissora de alcance restrito, isso não impediu que eu recebesse correspondência de todo o Brasil, inclusive presentes típicos como gibão, tacapes, berimbaus, pingas locais e livros de cordel, além de farto material informativo sobre a programação das festas tradicionais de Norte a Sul. Às vezes, propositadamente, Ivone Motta pedia para eu abrir o programa, e dessa forma, generosamente me dava uma maior oportunidade de realizar meu sonho de fazer rádio.



Carnaval de reconhecimento


Anos depois, o radialista Sebastião Valentim, um dos produtores da Super Rádio Tupi, especialmente da Patrulha da Cidade, me levou para a rádio Continental, onde chefiei o departamento jornalístico, o tempo suficiente para faturar algum reconhecimento. Fizemos a cobertura do Carnaval com uma equipe de 50 repórteres, durante toda a semana que antecedeu o evento até último dia de desfile, não deixando escapar informação alguma sobre tudo que aconteceu no período. O noticiário era acompanhado pelos colegas da imprensa que faziam contato conosco, constantemente, para confirmar notícias ou pedir informações sobre novos fatos, que repercutia no resto da imprensa nos informativos seguintes ou nas edições do outro dia. Um dos repórteres era Luiz Ernesto Magalhães, de O Globo, então estagiário dos Cadernos Especiais da UH, uma picaretagem dos “irmãos Metralha”, que sucatearam o jornal e fugiram sem pagar ninguém.

CIRCULADô



Simone, senhora Osnei de Lima, com os filhos, num clique feito pelo marido. O cineasta gaúcho aproveitou as férias e levou a bela família para conhecer às praias do Nordeste.