quinta-feira, 13 de agosto de 2009

UM DIA DE REI

DIA DOS PAIS


Meu dia dos pais não tem a mesma conotação que tem para a maioria, se não pelo fato de me reunir mais uma vez mais - e nunca é demais - com meus filhos; e, pelo caráter comercial que a data tem hoje, vira festa com direito a almoço e presentes. Uma camisa, um tênis, etc... e isso faz esse dia ter um significado próprio e muito festivo.

Ontem, foi apenas um dia desses. Tão especial, quanto os dias em que nos reunimos todos na casa da D. Maria do Carmo, matriarca da nossa família para aquelas comemorações tradicionais: dia das mães, aniversário de um ou de outro, almoço do Natal e do Ano Novo, o casamento de alguém tão próximo.

Tão especial mesmo como um dia sem qualquer comemoração especial, em que nos reunimos aleatoriamente, sem programarmos e nos vimos juntos em Araruama, Rio das Ostras, qualquer lugar... Chamei a mea-culpa porque nunca me reuni com meus filhos para trocar opiniões, contar da nossa rotina no trabalho e falar das nossas metas e, nem mesmo extravasar nossos descontentamentos, botar pra fora nossas frustrações, criticar nossos defeitos, reclamar das injustiças pra tudo e nem procurar ombro um do outro, a palavra amiga e a solução paliativa, porque esses são apenas, mas importantes, gestos de apoio moral e não de solução prática ou material. Questionei intimamente minha presença paterna. E encontrei o auto-perdão pelo fato de hoje eles estarem adultos, formados e empregados. Tô me penitenciando com um copo de cerveja e um brinde com meus filhos. Comodamente...

Sempre a solidariedade, o carinho e o amor materno ditando mais alto e colocando ordem no destino de cada um de nós...

Ontem, como tem sido nos últimos anos, o dia dos Pais foi meu dia de rei. A atual idade é a minha coroa dessa monarquia. Fui almoçar com meus filhos, Alessandra e Thiago, que trocaram com seus respectivos marido e namorada, alvarás de liberdade condicional e restrita para fins de comemorar o dia dos Pais, cada qual com seu progenitor. Foi uma decisão realmente democrática, em que a ditadura da maioria não venceu. Foi a vitória da democracia que contempla a todos indistintamente.

Não tenho dúvidas de que Deus nos legou, a mim e minha mulher, uma das maiores fortunas que se pode merecer. As nossas origens nos legaram uma riqueza que jamais nos será subtraída: o caráter, o que aprendemos e o exercício de viver. Esse legado é o resultado da família que nos formou e da família que formamos. Duplamente premiados, Deus nos legou Alessandra e Thiago. E com um tesouro desses, qualquer pai, não é um pai qualquer. É um rei! Eu era um rei e não sabia. Ontem, com mea culpa ou culpa inteira, fui definitivamente coroado. Assim, diz meu coração.

Rio, 10 de agosto de 2009

domingo, 9 de agosto de 2009

AS MÍNIMAS DO BARÃO

Para duas coisas não tenho tempo: sentir saudade e morrer. Saudade é lembrança doída e entristece. Chega! E não sei se depois de morto, se pode curtir recordações, que são lembranças daqueles momentos felizes que alimentam a alma durante a nossa vida.

Qualquer empregado que receba um salário mínimo, mesmo não fazendo nada, já está recebendo menos do que merece. Exceto se for puxa-saco. Aí estará ganhando demais.

Nepotismo é empregar vagabundo e incompetente. E parente e político, que se servem desse expediente, não passam de corruptos.
NAQUELE TEMPO...

A Gazeta de Notícias funcionava na rua Leandro Martins, atrás do Colégio Pedro II. Sempre, ia lá levar a coluna do Evaldo Lemos e uma entrevista produzida pela Rizeth Garcia. “Balaio” era uma coluna diária assinada com pseudônimo de Valdo Silveira, na verdade nosso “homem pra toda obra”, inclusive fazendo às vezes de office-boy. A matéria da Rizeth era semanal e fazia questão que eu entregasse pessoalmente para passar sugestões de diagramação. O nome do profissional do setor era o jornalista Paulo Francisco. O editor-chefe era o bigodudo, gordo e gauchão Osmar Flores, sempre pigarreando – não dispensava uma pinga, – com um cigarro pendurado no canto da boca, Arthur Oscar e o sisudo Antonio Lemos, hoje no jornalismo da Super Tupi.

Juntamente com Lemos, Paulo Francisco ficava até tarde às sextas-feiras para o fechamento das edições de sábado e domingo e ainda fazia o adiantamento da edição de segunda-feira. Testemunha do sufoco, me oferecia para ajudá-lo no “gilete-press” – que era apenas copidescado ao nosso estilo. Percebendo a pressão imposta pelo tempo e as dificuldades de pessoal e grana, sugeri uma coluna nova, sem prejuízo de ajudá-lo sempre que pudesse. Em vez de uma coluna diária, passei a ser responsável por duas no ano seguinte. Para quem trabalhava com divulgação cultural e artística, era indispensável não depender da vontade dos coleguinhas (muitos dos quais sempre nos olhando atravessado) para divulgar material de interesse social e público, embora se retribuísse um ou outro dono de botequim com uma notinha.

Os hipócritas de plantão, por conta disso, chamavam-nos de “picaretas”, mas normalmente vinham comer e beber na nossa mesa. Dissimulam os interesses escusos para os quais usavam (e ainda usam) seus espaços na imprensa. Alguns estendiam suas frustrações e incompetência dizendo que o colunismo social é anacrônico e atacando colunistas consagrados. Um dos alvos recentes da inveja e da hipocrisia foi a jornalista Hildegard Angel.

Stanislaw Ponte Preta e Antonio Maria, um criou e outro adotou (ou vice-versa), o termo sutil para aquelas notinhas etílico-gastrônomicas – picadinho-relations – e mesmo tirando sarro, publicavam as que fossem mais interessantes, especialmente as de coquetéis festivos, lançamento de livros e discos, que normalmente ocorriam em bares e restaurantes. Assim deletando qualquer mea-culpa que pudéssemos e pudessem nos imputar.


Texto do livro comemorativo dos 50 anos de jornalismo do repórter que vos escreve.