sábado, 26 de julho de 2008

VOTO DE HONRA

GABRIELA SOU DA PAZ

CLEYDE PRADO MAIA, que se empenhou numa luta incansável pela condenação dos assassinos de sua filha GABRIELA SOU DA PAZ, e se dedicou às campanhas contra o crime, além prestar solidariedade a parentes de vítimas da violência que tomou conta do Rio, foi indicada para o 2º Prêmio Tudo de Bom d’O DIA, na categoria Personalidade/Atitude Social. A indicação feita pelo cantor Tico Santa Cruz (vencedor em 2007), a atriz Heloisa Périssé, o carnavalesco Milton Cunha, Marcus Montenegro e a jornalista Karla Prado, deve ser homologada pelo público através da rede pelo site O Dia Online até 30 de julho. Votar nela é votar pela paz.
O Barão responde:

O que o Brasil tem de melhor?
A sua exuberante natureza – a Serra da Mantiqueira, a Mata Atlântica, o Pantanal, a Amazônia, as praias de Norte ( Iracema/CE) a Sul (Torres/RS) do País, mais o Corcovado, Pão de Açúcar, enfim sua exuberante natureza!

O que o Brasil tem de pior?
O povinho que nos restou. O pior dos piores. De comportamento condenável, mas impune. A história acabou espalhando que aqui "em se plantando tudo dá": o povinho plantou violência, corrupção, em todos os níveis sociais e políticos. E agora só Deus p'ra nos proteger. Resta um consolo; nos países de primeiro mundo, o povo não é lá essas coisas. Enfim, os povos estão todos abaixo do nível aceitável. O azar é das exceções que têm que conviver com milícias, traficantes, politicos e outros criminosos. Aos que esqueci de saudar aqui, considerem-se incluidos.

Particularmente do que Você mais gosta no País ou na sua cidade?
A visão que se tem de Copacabana, da varanda do Marimbás; e da Cidade Maravilhosa, do varandão do Peixe Frito ali de Icaraí (Niterói).

E do que Você menos gosta?
Da sujeira das ruas, do desrespeito ao trânsito, da omissão das autoridades; mas, isso tem tudo a ver, com o povinho que habita por aqui. Excluo a mim e a você que nos lê, afinal quem lê sabe mais e tem obrigação de ser melhor.

Uma referência de dignidade deste País?
Dom Helder Câmara – Arcebispo de Olinda e Recife.
MEMÓRIA

Irmãos, amigos desde a infância

Itaqui-RS, 1955 - Saltamos do ônibus e a poeira avermelhada ainda em ebulição cobriu-nos por inteiro. Sol a pino e verão quente. Afastamo-nos com a pequena sacola, que era toda a nossa bagagem, tossindo e nos protegendo da poeira. Arcanjo, 4 anos, cerrou os olhos e virou o rosto para um lado, com o braço dobrado sobre a testa. Eu, 9 anos, abanei a poeira para poder enxergar melhor. Esperamos o ônibus ir embora, a poeira baixar e a visão melhorar para fazer o reconhecimento do local. Não era uma visão nova para nossos olhos, tínhamos atravessado as coxilhas de quase todo o Rio Grande, quando nosso pai fora transferido de Pelotas para Uruguaiana. Foram dois dias de viagem, cortando os pampas no trem noturno, debaixo do Minuano, frio seco que sopra no inverno, e vislumbrando deslumbrados as paisagens enquanto a claridade permitia. Mas estar agora, ali no estradão, na segunda viagem que fazíamos juntos, desta feita, somente os dois, era uma emoção diferente. Como a experiência de atravessar o rio Ibicuí numa balsa. Todos os passageiros tinham que desembarcar. Havia a preocupação, um com o outro, de não nos perdermos durante essa baldeação e a confusão de gente, carros, caminhões e o nosso ônibus.
Agora, apenas duas léguas de campo verdejante afastavam-nos do estradão e da pequena casa de barro e sapé. Já, mesmo sem a poeira, mal dava para distingui-la ao lado do grande galpão de alvenaria com um apartamento (a modernidade já tinha chegado à velha estância, onde meus avós moravam e sobreviviam como peões-caseiros). Dois cavalos encilhados e amarrados na porteira, com soféu comprido pastavam indiferentes ao resto do mundo. Tínhamos que pedir auxílio ao compadre dos nossos avós, que morava do outro lado da estrada – o estradão cortava a estância em duas enormes áreas para criação de gado ovino e, especialmente bovino – e ele, o Compadre, era uma espécie de porteiro. Precisávamos que ele segurasse os cavalos e nos auxiliasse na montaria. Tínhamos menos de metro e 20 cm de altura e dificilmente montaríamos sozinhos, uma vez que nunca tínhamos chegado perto de cavalo algum.