sábado, 30 de maio de 2009

Dez, nota dez!

Na Corte do Imperial

Um classificado na coluna “Na Corte do Imperial”, na última página da revista UH, me levou à agência do Gordo. Candidato a redator, fui atendido pela diretora Rizeth Garcia que, sem qualquer preâmbulo, apontou para uma Remington e mandou eu começar a trabalhar.
O chefe da redação era Celso Braga, que me orientou rapidamente sobre como a coisa funcionava. Apurei uma informação, escrevi a notícia, mostrei a ele, que a repassou para Rizeth. Não acredito que tenha lido a nota, tamanha a rapidez com que foi devolvida ao Braga com sua aprovação.
Pela primeira vez, me sentia trabalhando numa redação de jornal, que nem jornal era. Dividia responsabilidades com nada menos do que Denise Bandeira, socióloga de formação, jornalista por necessidade (creio) e atriz de talento em franca ascensão (As Meninas de Botafogo, Vai Trabalhar Vagabundo, Plantão de Policia, série de TV, e por aí foi...), atualmente novelista da equipe de redatores do sucesso A Favorita, de João Emanuel; o cineasta, compositor e músico Carlos Galvão, parceiro de Torquato Netto; e Paulo Sá, que acabou redator da equipe do Chico (Anísio) City, além de outros de passagem meteórica. Na ilustração, com um quadrinho do Grilo, um símbolo da coluna, feito por Mixel e as fotos de Fred Confalioneri (também cineasta e diretor de TV) e, mais tarde, Marquinhos (Marco Antonio, filho que Imperial resgatara do Santo Dame, nos confins da Amazônia). A equipe se manteve durante os seis anos em que a coluna foi publicada, em sua primeira fase. No final de cada dia, atravessávamos a rua e íamos beber no Gôndola. Nos fins de semana, nossa redação era o Billy´s que ficava no baixo Leblon, na esquina oposta ao Diagonal, onde às vezes fazíamos escala.
Voltei a trabalhar mais duas vezes com Carlos Imperial, dividindo com ele a responsabilidade da edição e redação de suas colunas na UH e revista Amiga. Numa delas, fiquei com a responsabilidade de editar a coluna da Maria Luiza Imperial, que se transformara na atração mais polêmica da TV, como integrante do júri de filhos de famosos do programa Flávio Cavalcanti. A coluna era o para O Jornal (que sofrera uma feliz renovação gráfica e jornalística para sair do ostracismo). E também editar outra, sobre futebol, assinada pelo próprio Imperial, sempre que ele estivesse impedido por conta dos diversos filmes, shows e peças teatrais em que estava envolvido. Contrariado por ele me atribuir tal tarefa, falei para o Imperial que não sabia nada do assunto e nem gostava de futebol. O Gordo colocou a mão no meu ombro, suspirou tipo (Haja, paciência...) e disse calmante.

– Se o Botafogo vencer, você exalta o time. Se o Botafogo perder, deixa que eu esculhambo os outros times.

(O esculacho encima do time adversário, vencendo ou perdendo era total. Principalmente, se fosse o Flamengo ou o Vasco).

Texto do livro "Vim ao mundo a passeio", em que registro meus 50 anos como repórter e boêmio.

domingo, 24 de maio de 2009

50 ANOS

Cinco Estrelas na Noite do Rio*

Rio, 1983 – Conhecia o jornalista João Bosco, o poeta da noite, das badalações noturnas em que o concurso da imprensa se fazia indispensável. Assessor de divulgação da publicidade Certa, que detinha o monopólio dos anúncios de entretenimento, graças ao que os grandes jornais – O Globo, Jornal do Brasil, Diário de Notícias, Correio da Manhã, etc. - conseguiam pagar o décimo terceiro em dia, tínhamos que dar manutenção direta aos clientes e aí a ronda era mais por obrigação do que por ofício. Isso não impedia o filho da D. Toquinha, unir o útil ao agradável. Ia a quase todos os lugares todos os dias. Estréias de peças teatrais, filmes e musicais, lançamento de livros e discos, exposições, inaugurações, etc.
Esbarrávamos constantemente. Um dia, ele me convidou para a festa dos “Cinco Estrelas da Noite Carioca”, em que homenageava os profissionais e personalidades notívagos. Era a oitava edição do prêmio e entre os homenageados lá estavam a promotora de eventos Ana Maria Tornaghi, o playboy Jorginho Guinle, o cineasta Carlinhos Niemeyer, Tuca da Frigideira (ritmista da Mangueira), os jornalistas Paulo Stein e Oldemário Touguinhó, maestro Macaé, Ellen de Lima e a recém chegada estrela do Olímpia (Paris) show-woman Watusi. Eram alguns dos laureados. Carlos Bianchini, hoje diretor da rádio Livre, AM 1440, era o mestre de cerimônia. Mais que de repentemente, Bianchini me convoca para paraninfar um dos laureados , o maitre Souza – que eu conhecera no Antiquarius, ainda hoje um dos melhores restaurantes da cidade. Entre os padrinhos lá estavam também Iris Lettieri, Iolanda Costa e Silva, João “Braguinha” de Barro, Elizeth Cardoso, Pery Ribeiro, Herivelto Martins, o “cafajeste” Mario Saladini, mais e mais, que anteriormente ou depois, também estiveram na condição de laureados.
Semana seguinte, a convite de João Bosco, passei a integrar a equipe de colunistas do Copacentro, escudado na competência jornalística de Ayrton Baffa (do Estadão/SP), prêmio Esso de jornalismo, de Sandro Moreira com suas histórias de futebol, e Marina Massari, que temperava suas crônicas com amor. A coluna Miro Lopes Especial fixou-se na página 4 e estreou no dia 27 de dezembro daquele ano.
Seguiram-se mais vinte anos de festas e coluna.

*Texto do livro "Vim ao Mundo a Passeio", comemorativo dos 50 anos de jornalismo deste blogueiro.