terça-feira, 27 de setembro de 2016

Rubi, pedra preciosa, tem nome


Atesto para os devidos fins que fiz um pacto com a felicidade há 69 anos e nove meses, ainda acalentado pelo ventre da minha mãe. Certamente, todas as energias positivas concordaram com minha proposta. Por acreditar que ninguém é feliz sozinho, resolvi renovar meus votos de felicidade acompanhado. Decidi que só assumiria esse compromisso, depois que completasse 28 anos. E dia seguinte, quando saí deles, no primeiro dia dos 29, cumpri meus desígnios, sacramentei a promessa, papel passado, bênçãos religiosas, afinal nossos destinos são traçados pelos nossos sonhos. E a gente é sempre feliz quando começa a sonhar.

Reinventar uma vida a dois, é escrever uma nova história, da mesma história. Pedras há pelo caminho e tropeços são inevitáveis. É um tempo que requer tolerância e paciência, coragem e persistência. Exige compreensão mútua. É muita exigência! O compromisso, a sobrevivência, a responsabilidade.
Ser feliz é fácil, quando se tem uma pessoa ao nosso lado, ao redor, com a grandiosidade do seu espírito humano, participando da vida de quem não sabe ser feliz sozinho; uma mulher que pela generosidade de sua alma, vai suportando nossos defeitos, protegendo nossa saúde, consertando nossos desacertos, revitalizando nosso ânimo e coroando nossos esforços.
Ser feliz é fácil, quando se tem uma pessoa de caráter que se junta a nós, para somar desejos, multiplicar sentimentos e fortalecer uma união e fazê-la resistente e duradoura (Como um rubi!). Uma pessoa que, pela qualidade de suas virtudes, divide em migalhas as intrigas, mágoas e desamores e os transforma no pó da misericórdia.
Ser feliz é fácil, quando se tem uma pessoa com a generosidade dos deuses; a humildade dos justos; a sensibilidade dos poetas; a coragem dos bravos; a experiência dos sábios; a humildade dos inteligentes; a dedicação dos anjos. Quem tem tudo isso, quem é tudo isso, é porque nela vive uma fagulha de Deus. Essa pessoa, que durante 40 anos me provou que a nossa vida não passou inutilmente, é a mãe zelosa dos meus filhos adorados, Alessandra e Thiago, e avó da minha mais recente paixão, Júlia. O nome das bodas de rubi, sabei-lo, é Lúcia Maria Marques do Nascimento.
Atesto para todos os fins, que renovo meu pacto com a felicidade por quanto tempo mais houver para curtir a vida... Dessa mesma vida de 69anos e 9 meses, as maiores emoções vivi nesses 40 anos, como marido, pai e avô... Mesmo que não se precise de um motivo para ser feliz (como se vê mesmo assim eu os tenho de sobra...), não se surpreenda se - ali no bar da esquina - inesperadamente me pegar sorrindo à toa, ou chorando aparentemente sem motivo... A felicidade autêntica encravada neste coração rubro às vezes rompe às comportas das recordações e... transborda distraidamente, disfarçada e sincera.