domingo, 27 de setembro de 2009

São os que vieram em Setembro

UM DIA DE DOMINGO

Dona Maria do Carmo, matriarca dos Lopes Nascimento, reuniu a família para uma múltipla comemoração: o aniversário dos que vieram em Setembro. O cardápio e a data eram os que o patriarca aprovaria se vivo fosse. Dia 20, não por ser seu aniversário, mas o Dia do Gaúcho, e ainda, data da proclamação da Revolução Farroupilha, reafirmação do sentimento de resistência, de liberdade e patriotismo, marco da história e formação política do Rio Grande do Sul, donde a família é oriunda.

Aos aniversariantes, Ailto ( 1º setembro), Aldo Augusto (dia 9/09/09), Cléa Eunice (16/09), Barão do Fragata (26/09), o neto Alan Figueiredo (1º de Outubro) e Tânia Catarina (dia 8),candidata à uma vaga na Câmara Federal, “Parabéns”, bolos, beijos e abraços; também foram contemplados com o mesmo carinho, Márcia (16/09), a vizinha favorita, e Luiz Amorim (dia 4), o amigo de todos. Além do patriarca, professor Argemiro, foram lembrados Lucy Dane (dia 02) e Oldomar (14), também setembrinos (com Canjo, o Tim, completariam a prole de onze filhos do casal). Como se vê os ausentes mais presentes do que nunca, na lembrança e no bate-papo.

E as agradáveis presenças dos não-aniversariantes e dos amigos Lourdes Soares e os filhos Léo, Bruno e Camila (também Santana e sobrinhos da Lúcia Maria); as senhoras Dulcinéia e Dilma Aragão; a escritora Sandra Quintella e o filho, repórter, poeta e boêmio Bruno Quintella (também neto da matriarca); D. Maria “Caíca” da Luz e os Amorim, Lizete, Larissa e Fernando, com a namorada Carla; Thiago com Ingrid Souza Lima; e Alessandra com o marido Felipe Amorim. Nádia Figueiredo os filhos (Alver Chamon e Nívea), o genro (Alessandro), a nora (Renata) e netos Nayra e Hugo, mais Caio. João Muri, Maria Júlia (Letícia), Joana e João Marcelo. Érica e Wallace Vieira. Danilo Góes. Cecília , os filhos Vinicius, Bianca e o genro Fábio Guilherme.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Não adianta chorar

Um dia o acordeonista, cantor e galã Ireno Machado* pegou um velho caderno de anotações com alguns pretenciosos versos, que eu tinha intenção de transformá-los em canções. Tomando conhecimento das minhas intenções, abriu aleatoriamente numa página, leu os versos abaixo e, em seguida, desenhou uma linha melódica para eles...com direito a coral e grande produção...


Desta vez não há razão
P'ra Você reclamar
Que vive na solidão
Amor eu quis lhe dar
Mas, Você não quis }bis
meu amor aceitar }

Vai ficar sozinha outra vez
Nunca mais p'ra Você vou voltar
Vai pagar pelo que me fez
Não adianta chorar } bis


*Pai do artista-plástico Vladimir Machado, que nós, especialmente o eu e o Canjo, escolhemos como irmão.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

UM DIA DE REI

DIA DOS PAIS


Meu dia dos pais não tem a mesma conotação que tem para a maioria, se não pelo fato de me reunir mais uma vez mais - e nunca é demais - com meus filhos; e, pelo caráter comercial que a data tem hoje, vira festa com direito a almoço e presentes. Uma camisa, um tênis, etc... e isso faz esse dia ter um significado próprio e muito festivo.

Ontem, foi apenas um dia desses. Tão especial, quanto os dias em que nos reunimos todos na casa da D. Maria do Carmo, matriarca da nossa família para aquelas comemorações tradicionais: dia das mães, aniversário de um ou de outro, almoço do Natal e do Ano Novo, o casamento de alguém tão próximo.

Tão especial mesmo como um dia sem qualquer comemoração especial, em que nos reunimos aleatoriamente, sem programarmos e nos vimos juntos em Araruama, Rio das Ostras, qualquer lugar... Chamei a mea-culpa porque nunca me reuni com meus filhos para trocar opiniões, contar da nossa rotina no trabalho e falar das nossas metas e, nem mesmo extravasar nossos descontentamentos, botar pra fora nossas frustrações, criticar nossos defeitos, reclamar das injustiças pra tudo e nem procurar ombro um do outro, a palavra amiga e a solução paliativa, porque esses são apenas, mas importantes, gestos de apoio moral e não de solução prática ou material. Questionei intimamente minha presença paterna. E encontrei o auto-perdão pelo fato de hoje eles estarem adultos, formados e empregados. Tô me penitenciando com um copo de cerveja e um brinde com meus filhos. Comodamente...

Sempre a solidariedade, o carinho e o amor materno ditando mais alto e colocando ordem no destino de cada um de nós...

Ontem, como tem sido nos últimos anos, o dia dos Pais foi meu dia de rei. A atual idade é a minha coroa dessa monarquia. Fui almoçar com meus filhos, Alessandra e Thiago, que trocaram com seus respectivos marido e namorada, alvarás de liberdade condicional e restrita para fins de comemorar o dia dos Pais, cada qual com seu progenitor. Foi uma decisão realmente democrática, em que a ditadura da maioria não venceu. Foi a vitória da democracia que contempla a todos indistintamente.

Não tenho dúvidas de que Deus nos legou, a mim e minha mulher, uma das maiores fortunas que se pode merecer. As nossas origens nos legaram uma riqueza que jamais nos será subtraída: o caráter, o que aprendemos e o exercício de viver. Esse legado é o resultado da família que nos formou e da família que formamos. Duplamente premiados, Deus nos legou Alessandra e Thiago. E com um tesouro desses, qualquer pai, não é um pai qualquer. É um rei! Eu era um rei e não sabia. Ontem, com mea culpa ou culpa inteira, fui definitivamente coroado. Assim, diz meu coração.

Rio, 10 de agosto de 2009

domingo, 9 de agosto de 2009

AS MÍNIMAS DO BARÃO

Para duas coisas não tenho tempo: sentir saudade e morrer. Saudade é lembrança doída e entristece. Chega! E não sei se depois de morto, se pode curtir recordações, que são lembranças daqueles momentos felizes que alimentam a alma durante a nossa vida.

Qualquer empregado que receba um salário mínimo, mesmo não fazendo nada, já está recebendo menos do que merece. Exceto se for puxa-saco. Aí estará ganhando demais.

Nepotismo é empregar vagabundo e incompetente. E parente e político, que se servem desse expediente, não passam de corruptos.
NAQUELE TEMPO...

A Gazeta de Notícias funcionava na rua Leandro Martins, atrás do Colégio Pedro II. Sempre, ia lá levar a coluna do Evaldo Lemos e uma entrevista produzida pela Rizeth Garcia. “Balaio” era uma coluna diária assinada com pseudônimo de Valdo Silveira, na verdade nosso “homem pra toda obra”, inclusive fazendo às vezes de office-boy. A matéria da Rizeth era semanal e fazia questão que eu entregasse pessoalmente para passar sugestões de diagramação. O nome do profissional do setor era o jornalista Paulo Francisco. O editor-chefe era o bigodudo, gordo e gauchão Osmar Flores, sempre pigarreando – não dispensava uma pinga, – com um cigarro pendurado no canto da boca, Arthur Oscar e o sisudo Antonio Lemos, hoje no jornalismo da Super Tupi.

Juntamente com Lemos, Paulo Francisco ficava até tarde às sextas-feiras para o fechamento das edições de sábado e domingo e ainda fazia o adiantamento da edição de segunda-feira. Testemunha do sufoco, me oferecia para ajudá-lo no “gilete-press” – que era apenas copidescado ao nosso estilo. Percebendo a pressão imposta pelo tempo e as dificuldades de pessoal e grana, sugeri uma coluna nova, sem prejuízo de ajudá-lo sempre que pudesse. Em vez de uma coluna diária, passei a ser responsável por duas no ano seguinte. Para quem trabalhava com divulgação cultural e artística, era indispensável não depender da vontade dos coleguinhas (muitos dos quais sempre nos olhando atravessado) para divulgar material de interesse social e público, embora se retribuísse um ou outro dono de botequim com uma notinha.

Os hipócritas de plantão, por conta disso, chamavam-nos de “picaretas”, mas normalmente vinham comer e beber na nossa mesa. Dissimulam os interesses escusos para os quais usavam (e ainda usam) seus espaços na imprensa. Alguns estendiam suas frustrações e incompetência dizendo que o colunismo social é anacrônico e atacando colunistas consagrados. Um dos alvos recentes da inveja e da hipocrisia foi a jornalista Hildegard Angel.

Stanislaw Ponte Preta e Antonio Maria, um criou e outro adotou (ou vice-versa), o termo sutil para aquelas notinhas etílico-gastrônomicas – picadinho-relations – e mesmo tirando sarro, publicavam as que fossem mais interessantes, especialmente as de coquetéis festivos, lançamento de livros e discos, que normalmente ocorriam em bares e restaurantes. Assim deletando qualquer mea-culpa que pudéssemos e pudessem nos imputar.


Texto do livro comemorativo dos 50 anos de jornalismo do repórter que vos escreve.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O HOMEM DO REALEJO

O homem do realejo
Tirou minha sorte
Fez pose de forte
Porque eu não quis pagar
a papeleta que dizia
que "minha namorada não era de fé
Que vivo à-toa no mundo
que sou um vagabundo
que não ganha nem pro café".
Dizia também, que ela
Não abriria a janela
Quando eu começasse a cantar
Que a lua iria embora,
Que raiaria a aurora
antes de eu terminar".

Se isso é profecia
Que ingratidão
Também dizia
que quebraria o meu violão
(na minha cabeça) - breque
Que além de magoado,
eu ficaria quebrado
estirado no chão...

Hoje, eu lembro
Que triste sorte
Toda vez que vejo
Com a mesma pose de forte
O homem do realejo

sábado, 18 de julho de 2009

A vida é uma beleza, mas não é um paraíso

Quinta-feira, dia 16 de julho, tive uma noite maravilhosa. Era aniversário da matriarca da família. Minha mãe, Maria do Carmo Lopes do Nascimento. É uma história de vida comum, como a de todos esses pobres brasileiros do interior, mas feliz apesar de/ou graças ao jeito da nossa família ser e viver. Minha mãe era e foi, sem dúvida, a grande mulher na vida de meu pai. Esteve com ele, na alegria, na tristeza, na saúde, na doença, a cada minuto, a cada momento, em que ele esteve vivo. Com a morte do meu pai, muito embora todos os nove filhos tivessem mais de trinta anos e fossem quase todos casados, minha mãe passou a ser mãe-e-pai, a quem todos sempre sondavam, para ter certeza que podiam fazer o que queriam, sem lhe consultar. Um ou outro, num momento de audácia injustificada, acabava por arrumar uma boa desculpa para si mesmo, sempre que fazia qualquer coisa que a pudesse contrariar.

Ela sempre nos prendeu às barras da sua saia, não só pelo respeito que nos ensinou a ter pelos mais velhos, mas pela disciplina como nos criou. E mesmo assim sempre nos manteve completamente livres para pensar e agir. Sabia que os filhos são postos ao mundo e que os pais não são donos deles. Assim, cada um seguiu seu destino ao prazer de seus sonhos, desejos e decisões próprias. Aí, a saudade, a carência dos afagos protetores, da comidinha da mamãe, nos prendiam à barra da sua saia mesmo a distância, tanto quanto mais longe estivéssemos. Aprendi assim que a liberdade é a mais doce e justa forma de prisão. E cobra seu preço, como tudo na vida.

A noção de democracia inteligente - nada platônica, nem impossível sempre foi praticada na nossa casa - sem a ditadura de que a maioria é que manda. Voto minerva das grandes decisões familiares, quando não havia o impasse de um empate, ela tinha a sabedoria de atender a todos, vencedores e perdedores. Bastando que se ajustassem as suas soluções sábias, todos eram atendidos plenamente. Parece que todas as mães são assim. Deveriam ser. Mas não é fácil, numa família grande e pobre, atender uma filharada exigente e, às vezes, materialmente carente (a caristia sempre rondou famílias como a nossa).

Lá se vão, quase nove décadas. O poder desta matriarca não está em ordenar, mas em sugerir. Não está em pedir, mas em confiar. Não está em querer, mas em realmente poder. Certamente, muitas, e muitas vezes, não foi ouvida, atendida, e infalivelmente foi magoada por essa prole a qual deu vida; prole que é infalivelmente uma preocupação permanente. A preocupação de como estamos, já que pensa que não pode mais nada fazer por nós. A preocupação de como vamos ficar, diante da possibilidade de nada mais poder fazer nós ser real. Quanto a nós (este é um plural majestático, mas que pode representar o pensamento de toda a prole), ela faria muito em não se preocupar conosco. Nos basta que se preocupe em aproveitar ao máximo que possa da vida, que, a cada ano, lhe rouba um pouco dos sonhos, da saúde e da felicidade de tudo que deveria ter e que sempre mereceu/merecerá ter. Sei que não tem como mudar um coração de mãe. Sei que não tem como mudar alguém que fez todas as concessões para manter essa família ao seu redor. E pior, sei que não temos competência suficiente para lhe dar, neste momento, a tranquilidade de que mais precisa; momento este, que precisa da nossa força para resistir ao cansaço que lhe toma o corpo e a alma. Parece que não temos nem a sensibilidade para lhe retribuir o universo de dedicação que nos ofertou pela vida toda. (Talvez sejamos como essas pessoas que pensam que encontraram a fonte da eterna juventude). Ser mãe é padecer num paraíso. O poeta que me desculpe, a vida é uma beleza, mas não é um paraíso. Certamente é porisso que as mães padecem...

Dia 16 de julho é aniversário da minha mãe. Da nossa mãe. Combinamos um jantar em família, ao qual não faltaram nem os filhos, netos e bisnetos, que vivem fora do Rio. O neto Rodrigo, sua Daniela e a Ana Cristina vieram de Curitiba; a filha caçula Maria Inês e Lara vieram de Porto Seguro, Bahia; a comadre Edith Terra veio de Campo Grande/MS; a nora Edna veio de Palmas-TO, e se juntaram aos que vivem na barra da saia da matriarca aqui no Rio: Alver (Nádia), Ailton (Edna), Miro (Lúcia Maria), Aloísio, Aldo (Maria Cecília), Tânia (João Muri), Cléa, os netos Danilo, João Marcelo, Vinicius, Érica, Alessandra (Luiz Felipe), Thiago (Ingrid), Maria Júlia (com Letícia), Joana , enfim metade da tribo (porque a outra metade ficou impedida de vir). Também não faltaram amigos (Ângela, Mary e Guto, Wilma, Márcia e Fillipi). A noite ficou menos gostosa pela ausência,embora justificada, dos netos e bisnetos Alver, Allan (Renata e Caio), Nívea (Alessandro, Naira e Hugo) e Bruno (Sandra Quintella). Para compensar, a noite teve um brilho especial: os récem-casados Bianca e Fábio Márcio, que haviam oficializado sua união à tarde, eram um presente para a avó da noiva.

ELA completou declarados 86 anos de idade. Talvez mais, não porque parece ser mais velha do que realmente é. Essa coisa de velhice é mais das adversidades do que propriamente do tempo. Os sofrimentos que enfrentou e muitos dos quais, que felizmente, superou, foram implacáveis com sua saúde. Nesses últimos seis anos, ela envelheceu repentinamente. Perdeu visivelmente o viço que ainda mantinham seus olhos atentos a tudo que rolava ao seu redor. Viver chegou a ser um peso para seus ombros e pernas frágeis, depois de um enfarto há cinco anos. Mais recentemente, os médicos lhe garantiam, um mínimo de mais dez anos de vida. Por conta disso, sua dieta passou a cerca de vinte drágeas diárias de remédios para o coração, a diabetes, hipertensão, a tremedeira e os tremores, etc. Um dia a pressão descontrola, outro a glicose sobe. Isto é uma preocupação constante e silenciosa de todos os filhos, aos quais ela dedicou sua vida inteira. Mas, dona Maria do Carmo continua dando às ordens com uma sugestão dita suavemente, com um gesto de carinho, com um sorriso indelével... e aguarda, com a confiança em que iremos nos tocar em algum momento...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

NO TEMPO DAS SERENATAS

1. Maria não era a primeira, mas era a única filha de Libório e D. Rosa. Tinha os guris, Otacílio, popularmente conhecido como Ota, por seu talento para fazer caricaturas, e Aderbaldo, um ator mímico de sucesso internacional, graças a um problema de dicção nato que lhe revelou tal talento. Menina e caçula, Maria virou o centro de todas as atenções da família Nunes Pereira. Militar de alta patente, Libório era linha dura, mas tinha um lado suave. Gostava de música. Era fã de Silvio Caldas, Orlando Silva, Chico Alves, entre outros ídolos da época. E Maria ganhou o nome por causa dessa paixão do coronel pela música ? "...o teu nome principia na palma da sua mão", cantarolava Libório para a pequenina dormir. E comentava com D. Rosa, "olha só, mulher, a mãozinha dela. Uma linha do destino cheia de promessas!".

2. Família classe média alta para a época, os Nunes Pereira moravam na Tijuca, entre mansões portentosas e solares não menos, em estilo e beleza neoclássico, e em meio à arrogância do clã cajuti, enraizado na tradição das famílias que ocuparam o bairro e lhe deram esse ar soberbo aos seus moradores e que persiste até hoje. A casa dos Nunes Pereira, entre a mansão do Barão do Fragata e do solar do Conde de Saracuruna, se quedava modesta, mas não feia, nem desconfortável, para os padrões dos seus moradores. Da mansão Fragata, volta e meia, ressoava de um majestático piano de cauda, executado por um exímio pianista, o maravilhoso "Bolero de Ravel". O barão era louco pela composição. A audição começava ao ocaso, com as janelas abertas, para que quem passasse pudesse desfrutar da maviosa melodia.

3. À direita, ficava a casa do Conde de Saracuruna, constantemente fechada, que até a gurizada da rua dizia ser mal-assombrada. Mas lá duas ou três vezes ao ano, o solar era aberto para festas sociais a que somente a nata cajuti tinha acesso. Libório, apesar de patenteado com o oficialato, nunca tivera a oportunidade de compartilhar de tais convivências. As festas do conde eram notificadas em todas as colunas da época. Nem mesmo João do Rio tivera, vamos dizer assim, ousadia de uma fina maledicência quanto à recepção e aos convidados, muito menos ao Conde. O luxo e o requinte das reuniões do Conde saiam até na imprensa internacional, quando não muito vinha um convidado das "Oropas". Isso tudo passou a ser sonho (sonho, não!), obsessão de Libório, quando Maria fizesse seu debut nos salões da mansão de Saracuruna. Que, certamente, dali sairia o melhor partido para desposá-la. As árvores ficaram desfolhadas, as lareiras voltaram a ser acessas, os jardins voltaram a florir e o sol elevou-se ao calor de 36º, raros à época, tudo rolando num ciclo normal e contínuo, em que o calendário engole meses e anos... Quando o coronel percebeu, Maria já estava às vésperas de debutar.

4. Juca era do Morro do Borel, ali nas áreas da Usina. Atrasava o relógio até o seu horário encostar com o da saída de Maria, que estudava no Instituto de Educação. Quando chegava mais cedo, juntava-se aos jovens transviados que faziam ponto no Regina, superconfeitaria, ali na esquina com Ibituruna. Foi ali que bebeu, pela primeira vez, um leite batido com sorvete. Juca gostava de tocar violão, que o fazia de ouvido, e de cantar sambas de Geraldo Pereira, Noel Rosa, Carlos Cachaça, etc, mas logo passou a arriscar suas próprias composições. Ninguém inspirava mais ele do que Maria, vestida de azul-e-branco, que a avistara uma vez indo p'ra casa, no bonde 86, conduzido pelo Quintas, o poeta. Os cabelos negros e escorridos, a pele alva, os olhos azulados, o nariz pequeno e afilado, os lábios rosados e o sorriso cativante de Maria seduziram Juca à primeira vista. "....Maria, o teu nome principia na palma da minha mão", descobriu-lhe o nome e a canção que o Caboclinho Querido cantava em tom de serenata.

5. Descobriu também o endereço de Maria. E se preparou para a grande homenagem. Paletó de mangas curtas, mas que lhe possibilitava melhor desempenho ao violão, assim como as calças, que deixavam à amostra as canelas longas, cobertas por carpins vermelhos, seguiu para Tijuca. Os sapatos tinham as infalíveis duas cores. Com um buquê com onze rosas amarelas, uma canção na cabeça e Maria no coração, Juca foi para o pé da janela da casa do coronel. "... Maria, o teu nome principia na palma da minha mão e cabe bem direitinho dentro do meu coração", iniciou a serenata, que logo despertou a vizinhança. Um ou outro resmungou, especialmente seu Libório, que levantava às quatro da manhã e partia para a Vila Militar. Irritou-se também porque o intruso roubara-lhe a canção que ele reservara para sua menina.

6. Não demorou quase nada, uma rádio-patrulha chegou e recolheu o recalcitrante. Fazer serenata era coisa de desocupado e ser preso um risco que, aliás, os corações apaixonados gostavam de correr, até porque valorizava a melódica declaração de amor. "Juca foi atuado em flagrante, como meliante", diria Chico Buarque. Mas p'ra surpresa de Juca, o boletim de ocorrência registrava outra infração que nada tinha a ver com aquela serenata, que Maria só tomara conhecimento porque o barulho das sirenes a acordara, e Juca nem tinha terminado de cantar a primeira música do repertório reservado para aquela noite.

7. Num entrevero com a polícia, Ditão, vizinho de Juca no Borel, tinha batido as botas. Dona Ermengarda, mãe do bandido, reconheceu o morto e voltou para casa para separar a roupa do enterro. Deixou o terno sobre a tábua de passar e se foi ao banho. Alheio ao acontecido, Juca, que avistara pela janela do barraco aquela roupa passadinha, resolveu tomar emprestada sem pedido prévio. Dona Ermengarda ainda viu Juca descer o morro, todo enfatiotado, com um palmo de braços e canelas à amostra, pegar o bonde e seguir para a casa da Maria.
“... e no meio da alegria" chegou a polícia para resgatar a roupa do defunto.


Texto do livro "Vim ao mundo a passeio", comemorativo dos cinquenta anos de jornalismo do repórter e blogueiro Miro Lopes

sábado, 30 de maio de 2009

Dez, nota dez!

Na Corte do Imperial

Um classificado na coluna “Na Corte do Imperial”, na última página da revista UH, me levou à agência do Gordo. Candidato a redator, fui atendido pela diretora Rizeth Garcia que, sem qualquer preâmbulo, apontou para uma Remington e mandou eu começar a trabalhar.
O chefe da redação era Celso Braga, que me orientou rapidamente sobre como a coisa funcionava. Apurei uma informação, escrevi a notícia, mostrei a ele, que a repassou para Rizeth. Não acredito que tenha lido a nota, tamanha a rapidez com que foi devolvida ao Braga com sua aprovação.
Pela primeira vez, me sentia trabalhando numa redação de jornal, que nem jornal era. Dividia responsabilidades com nada menos do que Denise Bandeira, socióloga de formação, jornalista por necessidade (creio) e atriz de talento em franca ascensão (As Meninas de Botafogo, Vai Trabalhar Vagabundo, Plantão de Policia, série de TV, e por aí foi...), atualmente novelista da equipe de redatores do sucesso A Favorita, de João Emanuel; o cineasta, compositor e músico Carlos Galvão, parceiro de Torquato Netto; e Paulo Sá, que acabou redator da equipe do Chico (Anísio) City, além de outros de passagem meteórica. Na ilustração, com um quadrinho do Grilo, um símbolo da coluna, feito por Mixel e as fotos de Fred Confalioneri (também cineasta e diretor de TV) e, mais tarde, Marquinhos (Marco Antonio, filho que Imperial resgatara do Santo Dame, nos confins da Amazônia). A equipe se manteve durante os seis anos em que a coluna foi publicada, em sua primeira fase. No final de cada dia, atravessávamos a rua e íamos beber no Gôndola. Nos fins de semana, nossa redação era o Billy´s que ficava no baixo Leblon, na esquina oposta ao Diagonal, onde às vezes fazíamos escala.
Voltei a trabalhar mais duas vezes com Carlos Imperial, dividindo com ele a responsabilidade da edição e redação de suas colunas na UH e revista Amiga. Numa delas, fiquei com a responsabilidade de editar a coluna da Maria Luiza Imperial, que se transformara na atração mais polêmica da TV, como integrante do júri de filhos de famosos do programa Flávio Cavalcanti. A coluna era o para O Jornal (que sofrera uma feliz renovação gráfica e jornalística para sair do ostracismo). E também editar outra, sobre futebol, assinada pelo próprio Imperial, sempre que ele estivesse impedido por conta dos diversos filmes, shows e peças teatrais em que estava envolvido. Contrariado por ele me atribuir tal tarefa, falei para o Imperial que não sabia nada do assunto e nem gostava de futebol. O Gordo colocou a mão no meu ombro, suspirou tipo (Haja, paciência...) e disse calmante.

– Se o Botafogo vencer, você exalta o time. Se o Botafogo perder, deixa que eu esculhambo os outros times.

(O esculacho encima do time adversário, vencendo ou perdendo era total. Principalmente, se fosse o Flamengo ou o Vasco).

Texto do livro "Vim ao mundo a passeio", em que registro meus 50 anos como repórter e boêmio.

domingo, 24 de maio de 2009

50 ANOS

Cinco Estrelas na Noite do Rio*

Rio, 1983 – Conhecia o jornalista João Bosco, o poeta da noite, das badalações noturnas em que o concurso da imprensa se fazia indispensável. Assessor de divulgação da publicidade Certa, que detinha o monopólio dos anúncios de entretenimento, graças ao que os grandes jornais – O Globo, Jornal do Brasil, Diário de Notícias, Correio da Manhã, etc. - conseguiam pagar o décimo terceiro em dia, tínhamos que dar manutenção direta aos clientes e aí a ronda era mais por obrigação do que por ofício. Isso não impedia o filho da D. Toquinha, unir o útil ao agradável. Ia a quase todos os lugares todos os dias. Estréias de peças teatrais, filmes e musicais, lançamento de livros e discos, exposições, inaugurações, etc.
Esbarrávamos constantemente. Um dia, ele me convidou para a festa dos “Cinco Estrelas da Noite Carioca”, em que homenageava os profissionais e personalidades notívagos. Era a oitava edição do prêmio e entre os homenageados lá estavam a promotora de eventos Ana Maria Tornaghi, o playboy Jorginho Guinle, o cineasta Carlinhos Niemeyer, Tuca da Frigideira (ritmista da Mangueira), os jornalistas Paulo Stein e Oldemário Touguinhó, maestro Macaé, Ellen de Lima e a recém chegada estrela do Olímpia (Paris) show-woman Watusi. Eram alguns dos laureados. Carlos Bianchini, hoje diretor da rádio Livre, AM 1440, era o mestre de cerimônia. Mais que de repentemente, Bianchini me convoca para paraninfar um dos laureados , o maitre Souza – que eu conhecera no Antiquarius, ainda hoje um dos melhores restaurantes da cidade. Entre os padrinhos lá estavam também Iris Lettieri, Iolanda Costa e Silva, João “Braguinha” de Barro, Elizeth Cardoso, Pery Ribeiro, Herivelto Martins, o “cafajeste” Mario Saladini, mais e mais, que anteriormente ou depois, também estiveram na condição de laureados.
Semana seguinte, a convite de João Bosco, passei a integrar a equipe de colunistas do Copacentro, escudado na competência jornalística de Ayrton Baffa (do Estadão/SP), prêmio Esso de jornalismo, de Sandro Moreira com suas histórias de futebol, e Marina Massari, que temperava suas crônicas com amor. A coluna Miro Lopes Especial fixou-se na página 4 e estreou no dia 27 de dezembro daquele ano.
Seguiram-se mais vinte anos de festas e coluna.

*Texto do livro "Vim ao Mundo a Passeio", comemorativo dos 50 anos de jornalismo deste blogueiro.

domingo, 19 de abril de 2009

XUXA 2009

A propósito, o quê é aquele figurino que a Xuxa Meneghel usou no seu “novo” programa de sábado, dia 19 abril? Uma calça boca sino (de muito mau gosto) e um capote injustificável para o clima carioca....

Se vier o inverno, que a rainha dos baixinhos espera (!)... Bah, tchê!.... será que era essa a novidade!

sábado, 18 de abril de 2009

Crônica

A bala fez o buraco

1. A Lapa, o mais carioca dos bairros do Rio, completamente revitalizado, recupera a fama boêmia, da qual é berço desde os anos 30, e conquista a mesma efervescência dos locais que concentram grandes estabelecimentos de cultura e diversão noturna. E boemia e malandragem vivem juntas. Naquela época, tinha a malandragem dos que contrariavam a lei, sem cometer crime contra a vida, como Brancura e Baiaco, que eram rufiões, ou como Sete Coroas, que já tinha escrito seu nome na bandidagem desde a Bahia. Sete Coroas ensinou Madame Satã a ser malandro. No bojo dessa efervescência, ressurgiu na nova Lapa o caráter ruim da malandragem daquele tempo em que a violência imperava, conforme as recentes manchetes dos jornais.

2. A violência engoliu aquele malandro carioca, sagaz e sutil, cheio de destreza e lábia, carisma e simpatia, notoriamente o sujeito que utilizava da inteligência e artimanha para lidar com os mais fortes e que acabava sendo aceito porque não causava prejuízos nem moral, nem financeiramente, e muito menos agredia sua "vítima" fisicamente. Uma malandragem carioca que diverte terceiros e serve de alerta para os distraídos ou metidos a espertos.

3. Assim como o jeitinho (instituição criada para ilicitamente tirar vantagem e dar prejuízos à sociedade num todo, como a política das fraudes, o tráfico, as milícias, a pirataria, etc.), o caráter bom da malandragem rende simpatia mesmo diante daqueles que teriam motivos para não aprová-lo. Mas, a concomitância acaba aí.

4. Daquele tempo, vale lembrar, Madame Satã, apelido adotado pelo brigão, homossexual assumido, cozinheiro e quase perpétuo frequentador das prisões, especialmente a da Ilha Grande, José Francisco do Santos. Provavelmente, o primeiro transformista, a Mulata do Balacuxê, do teatro rebolado. Definia-se como "filho de Iansã e Ogum e devoto de Josephine Baker", inventando para si mesmo vários personagens: Jamacy, a Rainha da Floresta, Tubarão, Gato Maracujá.

5. Satã conviveu com os grandes nomes da música popular da época: Chico Alves, Orlando Silva, Nelson Cavaquinho, etc. Conta Ricardo Cravo Albin que "Mulato Bamba", de Noel Rosa, foi feita para ele. Satã foi acusado da morte do genial compositor Geraldo Pereira, autor de "Pisei num despacho" (c/ Elpídio Viana), "Resignação" (c/Arnô Provenzano), "Você está sumindo" (c/ Jorge de Castro) e outras tantas. Satã conta que Geraldo "disse uma porção de desaforos, aí eu perdi a paciência, dei um soco nele, ele caiu com a cabeça no meio-fio e morreu. Mas morreu por desleixo do médico", defende-se Satã, porque foi para a assistência vivo.

6. Satã contabiliza três mil brigas, 29 processos, 19 absolvições, 10 condenações e três homicídios. O primeiro aos 28 anos. Madame conta na entrevista que o pessoal d'O Pasquim fez com ele no Capela, em abril de 1971: "Deram um tiro num guarda civil na esquina do Lavradio e fui preso".
Millôr (Fernandes): Segundo você, injustamente.
Satã: Injustamente.
Sérgio (Cabral, pai): Mas você não deu o tiro no guarda?
Satã: Não, o revólver é que disparou na minha mão, casualmente.
Sérgio: Foi a bala que matou?
Satã: Não, a bala fez o buraco. Quem matou foi Deus.

Texto do livro "Vim ao mundo a passeio", em que registro meus 50 anos como repórter e boêmio.

sábado, 4 de abril de 2009

Alcyr bebe leite, Chopp bebe água


Conheci na noite grande, como diria o poeta, compositor e jornalista Ricardo Galeno, outro não menos compositor, o pianista Alcyr Pires Vermelho, autor de Dá cá o pé louro, com Lamartine Babo, Tic-tac do meu Coração (Walfrido Silva), Laura (João Braguinha de Barro) e, Canta, Brasil (David Nasser). Me surpreendi de saber que ele tocava a noite toda nas boates e não bebia uma gota de álcool, desfazendo uma imagem que eu tinha dos boêmios. Nos intervalos, ele pedia ao bareiro um copo de leite. Ninguém era mais boêmio do que aquele pianista magérrimo, cabelos ralos e brancos, rosto fino, adunco, de óculos, que dedilhava verdadeiros clássicos da música de todos os tempos.

Mais recentemente, conheci outro boêmio que não faz trato de consumo etílico de maneira alguma. É Chopp, oficialmente Sidney Machado, um dos diretores de harmonia da Beija-Flor de Nilópolis. Água mineral é o combustível que move Chopp nas noitadas de samba e farra.

Alcyr e eu

Me surpreendi mais ainda com o salário que o talentoso e simples, consagrado e modesto pianista de nome pomposo recebia como músico. Alcyr tinha muitos fãs importantes, como banqueiros e ministros, que não abriam mão de almoçar, esticar durante o rush, para vê-lo e ouvi-lo dedilhar o seu fiel companheiro de trabalho.

Sugeri ao José Maria Cañedo contratá-lo para tocar no Cassino-Rio durante o almoço e, antes de começar o show Jogo Feito. Encontrei Alcyr num restaurante da rua Ouvidor. Quando o convidei para mudar de endereço é que soube que recebia, pasmem, apenas um salário mínimo. Mesmo antes de saber disso, já havia acertado com Zé Maria, que deveria pagar-lhe algo em torno de três vezes mais. Passei essa informação ao Alcyr. Semana seguinte, conforme combinado, lá estava Alcyr abrilhantando o almoço de um grupo de banqueiros. No final do mês, soube pelo próprio Alcyr que ele abriu mão do salário acertado, em favor da carteira assinada, o que não estava desvinculado do acordo. Tinha sido enrolado pelos sócios, sem a anuência do Zé Maria, mas Alcyr pediu para “deixar quieto”.

Natural de Muriaé, mineiro de poucas palavras, mesmo assim sempre conversávamos muito, talvez porque nos encontrássemos raramente. A temporada de Jogo feito acabou e Alcyr continuou na casa por mais algum tempo. Nunca mais nos encontramos.

Texto do livro "Vim ao mundo a passeio", em que registro meus 50 anos como repórter e boêmio.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Anos 60

Chegando a Cidade Maravilhosa....

Rio de Janeiro, 1961 – Desembarquei na Praça Mauá num sábado de Carnaval lá pelo meio dia. Trazia uma carta com orientações sobre o trajeto – avenidas Rio Branco, Presidente Vargas, Praça da Bandeira, Quinta da Boa Vista – que me levaria ao meu novo destino Visconde de Nictheroy – e mais recomendações sobre os cuidados com o taxista, já àquela época famosos por fazerem “turismo” com os incautos que chegavam à cidade. Informava a carta, o valor aproximado da corrida. Conferi com o motorista quanto teria de pagar. Estava dentro do previsto. Embarquei e comecei a conviver com, até hoje, um dos maiores problemas urbanos cariocas, o trânsito. Ontem como hoje, graças ao desrespeito dos motoristas às leis e, incompetência a parte, a omissão das autoridades. Isso tudo, entretanto, amenizado pelo fascínio de ver a multidão extravasando sua animação pelas ruas, todo mundo fantasiado, como eu só vira nas páginas de O Cruzeiro e nas reportagens do Canal 100, do “cafajeste” e flamenguista Carlinhos Niemeyer. Blocos alegres e barulhentos surgiam de tudo que era canto. Mascarados surpreendendo e brincando com desconhecidos.


Texto para o livro "Vim ao mundo a passeio", comemorativo dos 50 anos de jornalismo do repórter que vos fala

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Devaneios d’Alma

O professor Sílvio Luzardo, elo da atenção e amizade que liga nossas famílias, encaminha uma preciosidade intitulada “Devaneios d’Alma – Dos oito aos oitenta. A vida em poesia”, de Lahir Teixeira de Mello. É uma coletânea de poesias e crônicas “repleto de um olhar atento” sim, aos que foram, como nossa família, contemplados com a amizade e carinho do poeta.

O casal Belarmina-Lahir brindaram-nos com algumas visitas e uma delas,mais do.que uma visita, chegou aos meus pais, como presente de bodas de rubi. Foi uma presença sempre bem vinda e por isso sempre memorável (lembrança saudavelmente comemorada pela nossa alma).

Compartilhar é uma herança que o poeta legou à família, concretizada de fato ao abrigar filhos, netos e bisnetos nas páginas dos seus devaneios poéticos. Herança que Luzardo estende até nós ao nos brindar com esse singelo tesouro. Agora, fazemos parte desse devaneio.