domingo, 9 de agosto de 2009

NAQUELE TEMPO...

A Gazeta de Notícias funcionava na rua Leandro Martins, atrás do Colégio Pedro II. Sempre, ia lá levar a coluna do Evaldo Lemos e uma entrevista produzida pela Rizeth Garcia. “Balaio” era uma coluna diária assinada com pseudônimo de Valdo Silveira, na verdade nosso “homem pra toda obra”, inclusive fazendo às vezes de office-boy. A matéria da Rizeth era semanal e fazia questão que eu entregasse pessoalmente para passar sugestões de diagramação. O nome do profissional do setor era o jornalista Paulo Francisco. O editor-chefe era o bigodudo, gordo e gauchão Osmar Flores, sempre pigarreando – não dispensava uma pinga, – com um cigarro pendurado no canto da boca, Arthur Oscar e o sisudo Antonio Lemos, hoje no jornalismo da Super Tupi.

Juntamente com Lemos, Paulo Francisco ficava até tarde às sextas-feiras para o fechamento das edições de sábado e domingo e ainda fazia o adiantamento da edição de segunda-feira. Testemunha do sufoco, me oferecia para ajudá-lo no “gilete-press” – que era apenas copidescado ao nosso estilo. Percebendo a pressão imposta pelo tempo e as dificuldades de pessoal e grana, sugeri uma coluna nova, sem prejuízo de ajudá-lo sempre que pudesse. Em vez de uma coluna diária, passei a ser responsável por duas no ano seguinte. Para quem trabalhava com divulgação cultural e artística, era indispensável não depender da vontade dos coleguinhas (muitos dos quais sempre nos olhando atravessado) para divulgar material de interesse social e público, embora se retribuísse um ou outro dono de botequim com uma notinha.

Os hipócritas de plantão, por conta disso, chamavam-nos de “picaretas”, mas normalmente vinham comer e beber na nossa mesa. Dissimulam os interesses escusos para os quais usavam (e ainda usam) seus espaços na imprensa. Alguns estendiam suas frustrações e incompetência dizendo que o colunismo social é anacrônico e atacando colunistas consagrados. Um dos alvos recentes da inveja e da hipocrisia foi a jornalista Hildegard Angel.

Stanislaw Ponte Preta e Antonio Maria, um criou e outro adotou (ou vice-versa), o termo sutil para aquelas notinhas etílico-gastrônomicas – picadinho-relations – e mesmo tirando sarro, publicavam as que fossem mais interessantes, especialmente as de coquetéis festivos, lançamento de livros e discos, que normalmente ocorriam em bares e restaurantes. Assim deletando qualquer mea-culpa que pudéssemos e pudessem nos imputar.


Texto do livro comemorativo dos 50 anos de jornalismo do repórter que vos escreve.

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