domingo, 20 de fevereiro de 2011

ROBERTO CARLOS E EU







A SIMPLICIDADE DE UM REI

Tema do enredo da Beija-Flor de Nilópolis, campeoníssima do Carnaval brasileiro nos últimos 25 anos, Roberto Carlos foi pela primeira vez à quadra da escola de samba que irá homenageá-lo pelos seus 50 anos de carreira e sucesso.

A primeira vez em que vi Roberto Carlos, no final dos anos 60, já raramente a sua turma -Erasmo Carlos, Jorge Ben (Babulina), Tim Maia, Arlênio Lívio entre outros que viviam pelas cercanias, se encontravam no bar 'Divino', na Haddock Lobo. Observava a rapaziada de alguns metros, encostado no balcão do boteco, bebendo minha cerveja, ouvindo as bobagens e as coisas sérias que eles conversavam despreocupadamente. As coisas sérias eram sempre sobre o futuro artístico de cada um, ou uma música nova que pintava. O tempo passou...

Nos anos setenta, era redator (com incumbência de acompanhar as atividades da clientela) da Publicidade Certa que detinha as contas de maioria dos bares, restaurantes e casas de shows da cidade. O Canecão era uma delas. Dos doze shows de Roberto Carlos, pouquíssimos assisti. Já tínhamos entrado na década de 80, e na última grande temporada (de,no mínimo cinco meses, com casas lotadas de terça à domingo) que RC fez, fui conferir se tudo terminara bem. Casa totalmente vazia e uma escuridão, empregados (garçonetes, maîtres, cozinheiros, barmen etc) do restaurante de Maria Thereza Weiss já tinham ido embora. Empregados do Canecão(exceto vigias e seguranças noturnos) também tinham ido embora. Uma luz atrás do palco me chamou atenção. Resolvi verificar.

No caminho, já na coxia encontro D. Laura - imortalizada pela canção do filho "Lady Laura" - me pergunta - Quer falar com Roberto?! Vem aqui... abriu uma porta e me colocou dentro do camarim. O cantor me recebeu com a simpatia, carisma e a simplicidade hoje reverenciada pela Beija-Flor. Me ofereceu uma bebida, aceitei um copo de água mineral. Não sabia nada mais o que dizer a sua majestade e fiquei alguns longos dois, três minutos, me despedi e fui embora.

Alguns anos se passaram, trabalhando na Beija-Flor de Nilópolis, Paulo Botelho, mestre Paulinho, me incluiu na equipe que iria fazer o primeiro de uma série de shows no navio Serena – cruzeiro do "Emoções em alto mar". Os ritmistas e mulatas foram recepcionados numa das boates do Serena com coquetel e fizeram uma pequena e rápida apresentação para os amigos do rei. Depois no salão ao lado, Roberto deu atenção a todos. Fiquei esperando a oportunidade de cumprimentar o cantor, mas a ansiedade e inquietação de todos para abraçá-lo e tirar fotos impediu uma aproximação.

Ano seguinte, o então mestre Paulinho da Beija-Flor de Nilópolis me incluiu novamente no cruzeiro e desta feita consegui cumprimentá-lo e comentar a 'boca pequena' com Roberto, que os meus filhos foram embalados por uma das suas músicas - Calhambeque - embora eu seja rei da desafinação. RC riu, me osculou e posou para uma foto que nunca vi. Também no cruzeiro estava o clã do presidente de honra da Beija-Flor, Anízio Abrahão David, e os familiares de Roberto. Aí, ficou decidida a homenagem da escola de Nilópolis ao rei da Jovem Guarda.

Agora, com a aguardada visita de Roberto Carlos à quadra da Beija-Flor encontro novamente o RC, que me honrou com um abraço caloroso. Saudei o cantor com minha habitual reverência. Roberto me agradeceu. E reforçou o cumprimento.

Fotos de Ana Cláudia.

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